Vivemos com grande alegria esta tradição tão importante na nossa Escola que é a celebração do Pão-por-Deus. O aproximar desta festividade tradicional faz-nos sentir a expetativa de um acontecimento que antecipamos como um dia especial. Esta expetativa abre espaço para a espera, a imaginação do acontecimento e até para a impaciência pela chegada do grande dia. Estes intervalos de tempo, pautados pela espera, trazem magia para o tempo da infância, ritualizam a sequência temporal e conferem um sentido de permanência e de pertença, ainda mais relevantes nos tempos em que atravessamos.
 
Os dias que antecederam a festividade foram vividos com grande entusiasmo e azáfama em todos os grupos. Com a ajuda dos seus professores, as meninas e os meninos elaboraram as listas das iguarias que gostariam de ter nas mesas das suas salas e pensaram nos ingredientes necessários para fazer os doces tradicionais. Os mais velhos até compararam preços para perceberem onde é que estes ingredientes ficavam mais em conta e calcularam o que poderiam comprar com a verba de que dispunham.
 
Na véspera do grande dia, o cheirinho a bolos tomou conta de toda a Escola, fazendo crescer água na boca. O aspeto das iguarias era fantástico, mas os meninos disseram que o sabor ainda devia ser melhor! E não se enganaram… mas ainda era necessário esperar pelo dia seguinte para poder provar as apetitosas iguarias!
 
O dia 30 de outubro amanheceu magnífico, com uma luz luminosa e límpida que nos aqueceu a alma depois de uns dias mais cinzentos e chuvosos. A Escola estava organizada para que as turmas trocassem entre si as surpresas que tinham preparado umas para as outras… e até a forma de trocar foi uma grande surpresa. Os meninos dos três anos foram bater à janela dos colegas dos quatro anos e cantaram uma canção enquanto trocavam os presentes. Os meninos dos cinco anos desceram as escadas e surpreenderam os colegas dos três anos à porta da sua sala. Os alunos do 4.º ano começaram a abrir as cortinas dos colegas do 2.º ano e a bater nos vidros, enquanto o professor Sérgio e três crianças começaram a assobiar uma música à porta do ginásio. E os meninos do 3.º ano estiveram a tirar medidas para saber onde era o meio do recreio para se encontraram com os colegas do 1.º ano e partilharem as suas iguarias.
 
Gostávamos muito de contar com a presença das nossas famílias, tal como é hábito, acolhendo-as na Escola para partilhar as iguarias confecionadas com tanta dedicação por todos. E havemos de voltar a partilhar este dia tão especial de forma mais próxima! No entanto, apesar destes tempos, as nossas mesas encheram-se de romãs e dióspiros, de nozes e amêndoas, de figos e tangerinas, de abóboras e doce de abóbora, de bolinhos secos e bolos frescos, feitos na véspera. Estavam bonitas de se ver, as nossas mesas, e muito compostas!
 
Falámos, também, na tradição que deu origem a este evento, recordando o terramoto que destruiu grande parte de Lisboa e que fez com que no ano seguinte o povo, que vivia com dificuldades, fosse de porta em porta pedir “Pão, por Deus”. Com o passar dos anos, tornou-se uma tradição as crianças, no dia 1 de novembro, irem de casa em casa pedir “Pão, por Deus” e receberem frutos secos, bolos, pão e frutos da época.
 
Estamos agradecidos a todas as famílias pela sua contribuição para este dia tão especial!