Projeto de Reabilitação Escolar - Envolvimento Criativo das Crianças

Este artigo é inspirado a partir do convite de uma antiga aluna do Jardim Infantil Pestalozzi que, atualmente estuda Arquitetura no ISCTE. Agradecemos à Maria do Mar pela sua contribuição na integração da sala do 4.º ano nesta aprendizagem colaborativa.

A Atividade

No dia 17 de outubro de 2024, os estudantes do curso de Arquitetura do ISCTE visitaram o Jardim Infantil Pestalozzi para uma sessão especial com os alunos do 4.º ano. O objetivo da atividade foi captar as perceções e ideias das crianças sobre o que seria um espaço escolar ideal, com a intenção de integrá-las no projeto de reabilitação de um antigo edifício em Lisboa, que será convertido numa nova creche.

Durante a atividade, as crianças tiveram a oportunidade de participar de forma criativa, expressar as suas visões e desejos para o espaço através de textos, desenhos, recortes e colagens. Esta interação não só estimulou a imaginação infantil, mas também permitiu aos futuros arquitetos incluírem propostas originais e inovadoras nos seus projetos, refletindo através dos olhares e perspetivas únicas das crianças.

Os estudantes de Arquitetura deixaram um convite para as crianças irem ao ISCTE e, assistirem à apresentação dos projetos, onde poderão ver como as suas contribuições influenciaram as propostas dos arquitetos em formação. Esta iniciativa é fundamental para fomentar a consciência crítica nas crianças, pois ensina-as que a sua voz tem valor e impacto na sociedade como comunidade colaborativa.

O Valor do Envolvimento Criativo

Estimular estas interações é um incentivo à exploração da relação entre a criança e o meio que a rodeia, promovendo um desenvolvimento crítico e criativo. O ato de ouvir as crianças em temas relevantes vai além da simples recolha de opiniões; trata-se de um reconhecimento do seu papel ativo na construção do conhecimento e do ambiente envolvente. O envolvimento das crianças em projetos criativos pode aumentar a autoestima, uma vez que se sentem valorizadas e respeitadas.

Ao priorizar a participação infantil, também contribuímos para a formação de cidadãos mais conscientes e comprometidos. A educação não deve ser apenas uma via de transmissão de conhecimento, mas sim uma prática que ensina as crianças a pensar criticamente, a questionar normas e a propor soluções. Este tipo de abordagem ajuda a preparar as crianças para serem não apenas consumidoras de conhecimento, mas também criadoras e inovadoras, incluídas numa equipa multidisciplinar.

 

Refletindo sobre a Educação Tradicional

No entanto, é necessário questionar se a escola deve continuar a ser “mais do mesmo”. A educação tradicional, muitas vezes centrada em métodos escolásticos e na memorização de conteúdos, pode limitar a capacidade das crianças se tornarem pensadores críticos. Um modelo de ensino que enfatiza apenas saberes livrescos e teorias, sem qualquer aplicação prática, corre o risco de desinteressar os alunos e desencorajá-los a explorar o mundo à sua volta.

A escola deve afirmar-se como um espaço de experimentação e descoberta do conhecimento, onde a prática e a teoria se entrelaçam. Ao fomentar a curiosidade natural das crianças e incentivá-las a questionar e explorar, criamos um ambiente de aprendizagem mais dinâmico e envolvente. Isso não só enriquece o processo educativo, mas também prepara as crianças para os desafios do mundo contemporâneo, onde a capacidade de adaptação e a inovação são essenciais.

Um Crescimento de Iniciativas

Nos últimos anos, têm surgido mais projetos deste tipo, que promovem a interação entre estudantes e profissionais de diferentes áreas e as crianças, destacando a importância de envolver os mais novos na requalificação dos seus espaços. Estas iniciativas não apenas enriquecem o currículo escolar, mas também proporcionam experiências significativas que ajudam a construir uma cultura de participação e colaboração.

Conclusão

É de louvar a postura dos responsáveis curriculares do curso de Arquitetura do ISCTE, que promoveram esta relação enriquecedora entre futuros arquitetos e as nossas crianças envolvendo-as em projetos que fazem parte do seu ambiente.

As escolas têm um papel fundamental na promoção dessas colaborações. Elas devem ser mediadoras entre os alunos, os pesquisadores e as instituições, incentivando a participação ativa das crianças. Ao adotar uma abordagem mais interdisciplinar, envolvendo alunos neste tipo de projetos estamos a promover consequentemente uma educação que visa uma cidadania ativa. Este pode ser um caminho para que os cidadãos do amanhã se tornem mais capazes de influenciar organismos de decisão e contribuir efetivamente para uma sociedade mais justa, mais inclusiva e norteada para o bem comum.

Magda Fernandes; Alexandra Baudouin; David Louro.
Jardim Infantil Pestalozzi